segunda-feira, 24 de maio de 2010

A Importância da Oração Ligada à Vida

Prof.José Pereira da Silva

Deus Pai nos pôs no mundo não para viver nele com olhar adormecido, mas para buscar suas marcas nas coisas, nos acontecimentos, nas pessoas. Tudo deve nos falar de Deus. Não são necessárias longas orações para sorrirmos para Cristo nos menores detalhes de nossa vida diária.
Se soubermos escutar a Deus, se soubermos contemplar a vida, toda a vida se converterá em oração. Pois toda a vida se desenvolve sob o olhar de Deus, e não deveríamos viver uma única graça sem oferecê-la a ele.

Mesmo, a oração silenciosa, que vai além das palavras, não pode privar-se da vida. Pois a vida de cada dia é o principal alimento de nossa oração.
A vida, o rezar com a vida não é outra coisa que tornar-se uma sincera e harmoniosa teofania do Deus que trazemos dentro de nós. O amor e o bem nos permitem revelar as riquezas que trazemos escondidas dentro de nós. A bondade e a defesa dos valores humanos e espirituais nos fazem orantes.
Na vida de cada dia, é necessário fazer uma pequena distinção a respeito da oração: o ato da oração, momento de silêncio, de encontro, de concentração, em que dialogamos e nos dedicamos totalmente a falar e escutar a Deus,e a oração atitude,maneira de ser,de orientar,de canalizar todas as nossas forças na luz que irradia do evangelho.

Uma vida fecundada pela palavra do Senhor nos leva a agir buscando a comunhão com Deus, consigo mesmo, com os outros e com o mundo. A oração na vida tem como finalidade realizar nossa felicidade, harmonizar os contrastes e os conflitos em que vivemos. A oração deve realizar o verdadeiro equilíbrio que nos permite passar nossa estada aqui na terra fazendo o bem a todos e vivendo a plena alegria de ser. A oração se faz vida quando, olhando ao nosso redor, depois de termos conversado com Deus, sentimos que é necessário lutar para que a ordem social, desequilibrada pela maldade humana, possa readquirir os seus verdadeiros valores.

Não tenho tempo. Eis aqui uma das explicações, uma das desculpas mais freqüentes na hora de justificar a falta de uma entrega específica ao que chamamos oração. Se realmente quisermos ver o Senhor em cada pessoa, em cada criação, em cada situação, antes teremos de conhecê-lo de perto. Teremos de gravitar na órbita mais próxima possível do mistério de Deus. E nenhuma é tão próxima como a que se alcança estando “muitas vezes... a sós... travando amizade... com quem sabemos nos amar”.

Das 24 horas do dia, alguns poderão dedicar-lhe mais tempo, outros menos. O importante é que nossa atenção a respeito do amor de Deus por nós, habitualmente dispersa, possa – ainda que apenas por alguns minutos –, tornar-se total e plena. Com o dom do tempo expressa-se como de nenhuma outra maneira o dom de si mesmo. O que permanece imprescindível é de vez em quando poder pensar em Deus vendo, simplesmente, nossa atividade concreta de todos os momentos dentro da relação de nossa vida de fé.

Na realidade, nossa vida cristã não é outra coisa senão nossa própria vida humana iluminada pela fé. Tudo o que nos rodeia, nossa realidade pessoal; o amor de quem nos quer e a rejeição de quem nos despreza; o trabalho que trazemos nas mãos e as sonhadas pontes de descanso; o vento que nos acaricia ou nos arrasta; a luta contra a corrente ou o caminhar com o vento a favor etc. são apenas diferentes formas de linguagem com que Deus Pai deseja comunicar-se.

Devemos reservar diariamente um tempo de silêncio e solidão para oração. Um tempo para ajudar-nos a encontrar nosso Deus ao longo das mil vicissitudes do resto do dia. Esse tempo de oração deve nos acostumar e nos capacitar a encontrar Deus com Ele estabelecendo nosso diálogo amoroso, tanto no trabalho como no descanso, tanto no barulho como no silêncio. A essência da oração não é o silêncio, mas o amor. O amor que descobrimos, sobre o qual refletimos, diante do qual nos assombramos em meio ao clima de silêncio e solidão, deve ser a chave para o encontrarmos no coração de cada fato da vida.

Nosso estilo de trabalhar, de interpretar cada acontecimento doloroso ou feliz, o empenho ou desinteresse que imprimimos a nossa atividade, o colorido que vemos nos acontecimentos ao nosso redor... tudo isto é manifestação do amor que nos anima. Tudo em nossa vida deve ser um trampolim, pretexto ou elo de relação com Deus, desde os compromissos temporais mais absorventes até os acontecimentos mais banais. Aceitar, agir e trabalhar nas condições concretas de nossa existência é aceitar a relação com Deus dentro do plano que Ele pretende realizar no mundo. O que aperfeiçoa a humanidade é a obra conjunta nossa e de Deus.

Nosso orar deve provir de nosso viver, ser parte do mesmo, desembocar nele. É preciso evitar que a oração fique desconectada da vida. Nossa existência nos foi dada como o maior dos dons para que vivêssemos sua realidade: com alegrias e tristezas, êxitos e fracassos. Em sua totalidade, precisamos convertê-la em matéria-prima de nossa oração.

Para o cristianismo, a vida não é algo de que se deva fugir, mas que deve ser assumida como é, com alegrias e tristezas. Cristo encarnou-se e, como prova, não apenas adotou nossa natureza como experimentou a alegria da família, da amizade, de fazer o bem aos outros, da mesma forma que não evitou a fadiga do trabalho e o desencanto da traição. Nossa oração não deve ser algo acrescentado ou artificial em nossa existência; devemos nos convencer de que nossa própria existência é o lugar do compromisso, molde e forma de nossa oração. Deus sempre se comunica conosco. Esconde-se atrás de cada episódio que nos acontece e precisamos ser capazes de descobri-lo em sua transparência. Nunca devemos esquecer que a oração de cada dia será feita do mesmo barro do qual é feito cada dia de nossa vida.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Dia Mundial das Comunicações Sociais: os desafios e possibilidades do mundo digital


Por: Prof.José Pereira da Silva

“O sacerdote e a pastoral no mundo digital: os novos meios a serviço da Palavra” é o tema escolhido pelo Papa Bento XVI para o Dia Mundial das Comunicações de 2010,a ser celebrado no domingo,dia 16 de maio.
A mensagem para o 44 Dia Mundial das Comunicações Sociais se dirige especialmente aos sacerdotes,neste Ano sacerdotal.Porém a mensagem é válida para toda a Igreja e para as pessoas que se interessam por comunicação.
No pontificado do Papa Paulo VI,no ano de 1967,é publicado a primeira carta temática sobre o dia mundial das comunicações.De lá para cá temos a cada ano uma carta abordando um tema do mundo das comunicações.
Para o ano de 2010,o Papa Bento XVI faz o convite aos sacerdotes para que considerem os novos meios de comunicação e os coloquem a serviço da Evangelização.É preciso enfrentar os desafios derivados da nova cultura digital.
Se os novos meios forem conhecidos e avaliados adequadamente,podem oferecer aos sacerdotes e a todos os agentes de pastoral uma riqueza de dados e conteúdos que antes eram de difícil acesso,e facilitam formas de colaboração,crescimento e de comunhão impensáveis no passado.
O Papa Bento XVI tem profunda consciência de que o encontro do homem de hoje com Jesus é,como sempre foi ,um evento de primeira importância.O Evangelho deve ser comunicado.A Palavra deve ser anunciada.
O Papa Bento XVI pede aos sacerdotes que lancem mão dos meios modernos de comunicação,principalmente daqueles que nos últimos anos conheceram uma larga difusão,como a internet,a fim de que a mensagem de Jesus Cristo possa difundir-se de modo eficaz no mundo contemporâneo.
A comunicação penetra toda a vida da Igreja,a atividade de seus membros,sejam pastores ou fiéis.E,se se quer que a mensagem chegue às pessoas de nosso tempo,em particular também aos jovens – os nativos digitais -,a comunicação da Igreja deve encarnar-se nas novas tecnologias,deve ter em conta as novas técnicas e as novas atitudes psicológicas.
O Papa Bento XVI,em sua mensagem para 2010 diz: “também no mundo digital deve ficar patente que a amorosa atenção de Deus em Cristo por nós não é algo do passado nem teoria erudita,mas uma realidade absolutamente concreta e atual”.
O fiel que se aventura com entusiasmo e com valor no mundo das comunicações sociais,sempre em ebulição de novidades tecnológicas surpreendentes,do Ipod ao Iphone ou ao Ipade,deve saber bem qual é o fim que o guia,para não ser capturado pelo fascínio pelas novos meios de comunicação e perdem assim seu caminho.O fim é o encontro com deus,o sentido último das relações de diálogo,amizade e de intercâmbio que a rede faz possível hoje.
Os acessos que se oferecem nos caminhos do espaço cibernético são inumeráveis,desde a superficialidade à falsidade,passando pela perversão,mas existem também muitos viajantes em busca da amizade,da verdade e do bem.
Não basta utilizar a mídia para difundir a mensagem;é necessário integrá-la a nova cultura digital.Para a Igreja,a comunicação não é um fenômeno externo ou secundário,pois a comunicação responde à imagem e semelhança com o Criador e sua prática aumenta a comunicação interpessoal.A comunicação está no código genético da Igreja,pois ela é mistério de comunhão.
Devem-se utilizar as novas tecnologias e as linguagens da mídia na aldeia global e fazê-lo com toda paixão e inteligência que surgem da convicção de ter uma Palavra preciosa para comunicar: a Palavra de Deus,inesgotável e bela que inspira toda nova expressão criativa e toda nova linguagem.
Na programação pastoral,é preciso oferecer uma clara disponibilidade para um diálogo franco e aberto com a cultura digital.A pastoral no mundo digital há de conseguir mostrar,aos homens do nosso tempo e à humanidade desorientada de hoje,que “Deus está próximo,que em Cristo somos todos parte uns dos outro”.
O empenho do sacerdote no anúncio do evangelho através dos novos recursos e meios de comunicação que o mundo atual nos disponibiliza deve contribuir para promover e reforçar os laços de união dos homens com Deus e da unidade dos homens entre si.