terça-feira, 3 de maio de 2011

Beato Papa João Paulo II, homem de Deus e dom para humanidade

Prof.José Pereira da Silva

No dia 8 de abril de 2005 uma multidão reunida na Praça de São Pedro, no Vaticano, dava o último adeus ao Papa João Paulo II. Em meio a multidão muitos cartazes nos quais se lia: “Santo Súbito”(Santo Já). Ele já era santo aos olhos de muitas pessoas.
Porém, oficialmente em 1 de maio de 2011, o Papa João Paulo II(1978-2005) será beatificado. Pela beatificação, ele pode ser objeto de culto público.
A capital italiana deverá receber 1 milhão de pessoas para a cerimônia de beatificação. Delegações oficiais de 51 países confirmaram presença.
Ao beatificar João Paulo II a igreja está sublinhando certos traços de uma santidade particular,considerando que não só merece ser conhecida e admirada, como pode ser luz que guia e estimula a prosseguir nos caminhos da conversão ao amor de Deus e do serviço aos homens e mulheres dos nossos dias.
Sua beatificação e canonização são a conseqüência natural da vida que ele viveu.Uma vida de virtudes heróicas,que pode ser um farol para os povos, tanto para os católicos como para aqueles que não o são, para o mundo inteiro.
O Papa João Paulo II soube amar a todos.Um amigo exigente e compreensivo.Um intelectual importante do século XX,estudioso e profundo.Um homem de Deus,que passava muitas horas em oração. Era um enamorado de Deus.Viveu em grau heróico as virtudes humanas.Sincero, leal, trabalhador,piedoso e caridoso.
Em uma viagem ao Brasil, ele entrou numa casa pobre de São Paulo e as pessoas que estavam lá, algumas crianças, pediram-lhe ajuda material; ele, depois de orar, tirou o seu anel pontifício, a única coisa de valor que carregava, e o deixou nas mãos da mãe daquelas crianças.
Um visionário que usou novas formas de comunicação para transmitir a essência do Evangelho e da doutrina cristã. Ele permanecerá na história como o grande defensor da vida e da sua dignidade.
João Paulo II foi um grande contemplativo e um grande apóstolo de Cristo. Deus o escolheu para a sede de Pedro e o preservou durante anos para introduzir a Igreja no Terceiro Milênio.
Um homem com uma sensibilidade tão grande como a dele não poderia permanecer indiferente diante dos sofrimentos do mundo. Não tinha medo de elevar a voz e dizer as coisas que não correspondiam ao modo de pensar comum.
Um papa de grande preparação intelectual e cultural, científica,um pontífice de grande sensibilidade,inclusive estética,atento a muitos valores.
Sua preocupação pela vida humana em todas as suas dimensões foi baseada no conceito cristão que ele tinha da vida, pela qual o Salvador tinha dado a sua.
Certa vez Billy Graham, líder protestante, disse: “Aos olhos da história, ele será visto como o papa mais importante de nossos tempos. Poucos foram tão influentes quanto ele, não só do ponto de vista religioso,mas também moral e social”. Como também disse o Dalai Lama: “Possui uma vontade e uma determinação extraordinárias: quer ajudar a humanidade através de sua espiritualidade... Isso é maravilhoso”.
Contemplativo em sua meditação, frequentemente concentrado na oração, no sofrimento.Um homem que desde jovem quis seguir os grandes místicos, longe dos clamores do mundo. No entanto, ao ocupar o lugar de São Pedro, modificou os costumes do pontificado: as praças, os hipódromos e os estádios tornaram-se as novas catedrais lotadas pelo povo.
João Paulo II foi um grande evangelizador, certa vez disse: “Quero alcançar a todos... a todos aqueles que rezam... desde o beduíno da estepe até o monge no mosteiro, desde o doente, os oprimidos, até os humilhados, a todos os lugares.”
João Paulo II foi um homem de intensa vida interior que se comunica. Foi também um profeta de audazes intervenções em nome da justiça e da paz.
João Paulo II foi uma grande testemunha do amor de Deus. Com sua vida e a sua obra testificou que a pessoa humana foi criada em plena liberdade que se encontra no dom de escolher o bem, de fazer escolhas de alto grau de amor, escolhas que transformam sua história e a história do mundo em história de salvação. Ele foi testemunha de que o coração humano é capaz de amar até dar a vida. Foi testemunha da esperança cristã, testemunha de que, nos momentos terrivelmente escuros da história humana, Deus está presente, Deus entra na história,de muitas formas. O Papa João Paulo II foi e é uma testemunha eloqüente e autêntica do amor: amou doando-se e amou até o extremo.
A beatificação do Papa João Paulo II é um chamamento e uma oferta que a Igreja faz a todos os homens e mulheres de boa vontade. Somos convidados a dar graças a Deus pela vida e ação deste Papa, por todo o bem e estímulo que continua a transmitir pelo seu exemplo e intercessão.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Viver a virtude da gratuidade

Prof. José Pereira


Amar os irmãos,dedicar-se a eles é uma exigência que brota da seguinte convicção: “Que tens tu que não tivesses recebido”,era palavra de São Paulo aos cristãos de Corinto(1 Cor 4,7).Uma generosidade real pelos irmãos mais pobres.
Verdadeiramente,o gesto livre e gratuito,o dom no sentido mais genuíno deste termo,realizado sem segundos fins e sem esperar uma retribuição,o gesto criativo de amor que não exige qualquer recompensa,são cada vez mais raros.
São palavras de Cristo: “Recebestes de graça,daí também de graça”.
Um psicanalista norte-americano afirma: “O que nos orienta na vida de todos os dias são conceitos como: ganhar,gastar,economizar,trocar,avaliar,possuir,vender...”(James Hillman).Quais são as conseqüências desta mentalidade? Perde-se o gosto pelo amor,que por sua natureza é gratuito.
O autor do “Conde de Monte Cristo” já dizia: “Nos negócios não há amigos,somente sócios”(Alexandre Dumas).Altera-se a escala dos valores;e assim deterioram-se os relacionamentos com os outros.Também no seio da família,com os parentes,com os amigos...Esquece-se que a felicidade consiste em amar.
Se,por acaso,a perdemos,voltamos a descobrir a virtude da gratuidade! “Recebestes de graça,daí também de graça”.
E recordemos estas outras palavras de Jesus: “A felicidade está mais em dar do que em receber”(At 20,35).
A verdadeira grandeza de uma pessoa não está no seu poder,nos seus bens materiais,e nem sequer na sua inteligência,mas sim na entrega que sabe fazer de si mesmo aos outros.Recordemos: edificamos a nossa vida com aquilo que nós doamos!

Dia Mundial dos Enfermos: tornar a sociedade mais sensível aos doentes

Prof. José Pereira


Todos os anos,na memória de Nossa Senhora de Lourdes,que se celebra a 11 de fevereiro,a Igreja Católica propõe o Dia Mundial dos Enfermos.O tema para esse ano é: “Pelas suas chagas fostes curados”(1 Pd 2,24).
Ocasião para refletir sobre o mistério do sofrimento e,sobretudo,para tornar a sociedade civil mais sensível aos doentes.
Em sua mensagem para o XIX Dia Mundial dos Enfermos,o Papa Bento XVI pede que os cristãos e os homens de boa vontade reservem para os doentes o foco de suas atenções.Os sofrimentos de Jesus Cristo oferecem o referencial para a avaliação de nossas próprias dores.
Se todos os homens são nossos irmãos,aquele que é débil,sofredor ou necessitado de cuidado deve estar mais no centro da nossa atenção,para que nenhum deles se sinta esquecido ou marginalizado.Como disse o Papa Bento XVI: “A grandeza da humanidade determina-se essencialmente na relação com o sofrimento e com quem sofre.Isto vale tanto para o indivíduo como para a sociedade.Uma sociedade que não consegue aceitar os que sofrem e não é capaz de contribuir mediante a compaixão,para fazer com que o sofrimento seja compartilhado e assumido mesmo interiormente,é uma sociedade cruel e desumana”.(Spe Salvi,n.38).
É preciso reconsiderar a realidade do sofrimento e da enfermidade na perspectiva do mistério da encarnação do Filho de Deus,para haurir deste extraordinário evento uma nova luz acerca destas fundamentais experiências humanas.
No decurso da história,o homem fez frutificar os recursos da inteligência e do coração para superar os limites inerentes à própria condição e realizou grandes conquistas em prol da salvaguarda da saúde.
Porém não se pode dizer que a humanidade fez tudo quanto é necessário para aliviar o imenso fardo do sofrimento que ainda pesa sobre os indivíduos,as famílias e as nações.
Ao mesmo tempo,ao eclipse da fé,especialmente no mundo secularizado,acrescenta-se uma ulterior e grave causa de sofrimento: aquela de não se saber mais captar o sentido salvífico do sofrimento e o conforto da esperança.
Infelizmente,em não poucos casos,o progresso econômico,científico e técnico não se fez acompanhar de um desenvolvimento autêntico,centrado na pessoa e na dignidade inviolável de cada ser humano.
Por um lado,realizam-se esforços ingentes para prolongar a vida e até mesmo para a procriar de maneira artificial;por outro,não se permite que nasça quem foi concebido,e acelera-se a morte daqueles que não são mais considerados úteis.Além disso,enquanto justamente se valoriza a saúde multiplicando-se às vezes a uma espécie de culto do corpo e à busca hedonista da eficácia física,ao mesmo tempo há pessoas que se reduzem a considerar a vida como mera mercadoria de consumo,determinando novas marginalizações para os portadores de deficiência,os idosos e os doentes terminais.Em muitos lugares os doentes às vezes ainda sofre em virtude de determinadas marginalizações e a carência do apoio social.Esta atenção deve alargar-se também aos campos do mundo em que aos doentes mais necessitados,apesar dos progressos da medicina,ainda faltam remédios e uma assistência adequada.
Todas estas contradições e situações paradoxais são reconduzíveis à falta de harmonização,por um lado,entre a lógica do bem-estar e da busca do progresso tecnológico,e por outro,a lógica dos valores éticos fundados sobre a dignidade de cada ser humano.
Cristo disse: “Estava doente e me visitastes”(Mt 25,36).É a presença viva de Cristo em cada pessoa que sofre.
Lembrou o Papa Bento XVI: “Deus,a verdade e o amor em pessoa,quis sofrer por nós e conosco;fez-se homem para poder compadecer-se com o homem,de modo real,em carne e sangue.Em cada sofrimento humano,portanto,entrou Aquele que partilha o sofrimento e a paciência;em cada sofrimento difunde-se a consolatio,a consolação do amor partícipe de Deus para fazer surgir a estrela da esperança”(Spe Salvi,n.39).
O mistério da Encarnação de Deus exige que a vida seja compreendida como dádiva de Deus a conservar com responsabilidade e a despender em vista do bem: por conseguinte,a saúde constitui um atributo positivo da vida,e deve ser procurada para o bem da pessoa e do próximo.Todavia,a saúde é um bem penúltimo na hierarquia dos valores,que há de ser cultivado e considerado na ótica do bem total e,portanto,também espiritual da pessoa.
Deus quer curar o homem todo,o corpo e o espírito.Nesta circunstância,é em particular a Cristo sofredor e ressuscitado que o nosso olhar se dirige.Assumindo a condição humana,o Filho de Deus aceitou vivê-la em todos os seus aspectos,inclusive o sofrimento e a morte,completando na sua pessoa as palavras pronunciadas na última ceia: “Não existe amor maior do que dar a vida pelos amigos”(Jo 15,13).
Cada um de nós é chamado a fazer-se próximo dos irmãos e das irmãs que sofrem,mediante o respeito,a compreensão,a aceitação,a ternura,a compaixão e a gratuidade.Trata-se de lutar contra a indiferença que leva os indivíduos e os grupos a fecharem-se egoistamente em si mesmos.
A família,a escola,as outras instituições educativas – ainda que seja somente por motivos humanitários – devem trabalhar com perseverança no sentido de despertar e apurar aquela profunda sensibilidade para com o próximo e o seu sofrimento.
Nas pessoas que crêem,esta sensibilidade humana é assumida no amor sobrenatural que leva amar o próximo por amor a Deus.O exemplo de Jesus,bom samaritano,impele não só a assistir o doente,mas também a fazer o possível para o reinserir na sociedade.
Jesus não só purificou e curou os enfermos,mas foi também um incansável promotor da saúde através da sua presença salvífica,do ensinamento e da ação.O seu amor pela pessoa humana traduzia-se em relações repletas de humanidade.Ele comovia-se diante da beleza da natureza,sensibilizava-se diante do sofrimento dos homens e combatia o mal e a injustiça.
A saúde não se limita à perfeição biológica,também a vida vivida no sofrimento oferece espaços de crescimento e de auto-realização,abrindo caminhos rumo à descoberta de novos valores.Assim,longe de identificar a saúde com a simples ausência de enfermidades,coloca-se como tensão rumo a uma mais plena harmonia e a um sadio equilíbrio a nível físico,psíquico,espiritual e social.Nesta perspectiva,a pessoa mesma é chamada a mobilizar todas as energias disponíveis para realizar a sua vocação e o bem do próximo.
Somos chamados a desenvolver um olhar de fé sobre o sublime e misterioso valor da vida,também quando ela se apresenta frágil e vulnerável.A vida deve ser defendida e valorizada desde a concepção até seu fim natural.Disse Cristo: “Vim para que tenham vida,e a tenham em abundância”(Jo 10,10).

Novos Coliseus,a perseguição aos cristãos: exige-se o respeito pela liberdade de religião

Prof. José Pereira


Infelizmente estamos assistindo em vários lugares do mundo uma perseguição religiosa.A liberdade religiosa é um problema de amplas áreas do mundo.Atualmente os cristãos são a comunidade mais perseguida no mundo.No recente relatório da Associação Ajuda à Igreja que sofre evidencia-se que 70% da população mundial sofre de limitações da liberdade religiosa,deixando de lado á religião a que pertence,embora atualmente os cristãos sejam os mais perseguidos.
São atentados contra os cristãos no Oriente Médio,em particular no Iraque e no Egito.Como também em outras áreas como Nigéria,Filipinas e Chipre,Sri Lanka,Indonésia,Paquistão,Turquia etc.Instrumentalizam a religião em conflitos de natureza política.
O Parlamento Europeu aprovou no dia 20 de janeiro de 2011 uma resolução condenando os ataques no Egito,Nigéria,Filipinas,Chipre,Irã e Iraque contra minorias cristãs.Essa declaração rejeita a instrumentalização da religião em conflitos políticos,enquanto faz defesa da liberdade religiosa.
No Irã na prática os cristãos são proibidos de praticar sua religião abertamente.No Sudão o extermínio liderada pelos radicais islâmicos do norte contra os cristãos.Padres católicos foram assassinados nas portas de suas igrejas,como aconteceu com Christian Bakulene,o pároco de kanyabayonga,na República Democrática do Congo,em 8 de novembro de 2010.Na Arábia Saudita não é permitido nenhum símbolo religioso ou lugar de culto de outra religião,a não ser do Islã.
Em Nova Délhi fundamentalistas do Vishwa Hindu Parishad(um grupo político-religioso hindu) perseguem cristãos.Na China e na Coréia do Norte fiéis são muitas vezes perseguidos e enviados para campos de concentração.Cristãos são perseguidos na Argélia.Em 31 de outubro de 2010 a catedral de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro,em Bagdá,foi atacada durante uma missa,onde 58 dos fiéis foram mortos,muitos deles mulheres e crianças.
São perseguições físicas ou psicológicas,acusações,injustiças,assassinatos,prisões ou embaraços legais.
Ao longo de dois milênios,a exemplo de Jesus Cristo e dos apóstolos,o cristianismo tem sido marcado pelo martírio de milhares de cristãos.O cristianismo foi a religião mais perseguida no decorrer de sua história.Lembremos os milhões de cristãos mortos nos gulags russos,na China,no Oriente comunista(Vietnã,Camboja), e na Espanha e no México.
O martírio no século 20 foi uma realidade não de indivíduos,mas de povo e de massas.Foram milhares de católicos,ortodoxos e evangélicos mortos porque eram cristãos.No século 20 o número de cristãos mortos seria mais que o dobro dos dezenove séculos que nos separam da época de Cristo,calcula-se em cerca de 26 milhões.
A pluralização religiosa,em ato em muitas áreas do mundo,desencadeou uma acentuação de violências e perseguições.A isto,juntam-se a discriminação racial,a diminuição da liberdade religiosa e uma crescente forma de intolerância.A intolerância é um comportamento decorrente de um julgamento muito pessoal,baseado em critérios próprios.Por si só,a definição já nos alerta para uma inconsistência interior,mas quem é vítima da intolerância bem sabe o quão concreta pode ser a dor e a humilhação.Ela hoje se traduz em vários aspectos,inclusive o religioso,mesmo camuflando desconfianças políticas,escondendo o racismo e interesses econômicos.
É preciso diante desse quadro triste de perseguições se comprometer na defesa da liberdade religiosa de cada pessoa,homem ou mulher.Existe,de fato,uma relação muito estrita entre liberdade religiosa e liberdade civil: onde falta uma,não existe a outra.
A liberdade religiosa não é um dado facilmente adquirido e para sempre,mas deve ser,cada vez mais,defendido e respeitado.É preciso favorecer a convivência religiosa e o diálogo inter-religioso.Principalmente deve-se bloquear a difusão das tensões religiosas que criam situações perigosas de choque para as minorias religiosas.O respeito da dignidade humana exige,ademais,o reconhecimento da dimensão religiosa do homem,que não é uma exigência meramente confessional,mas sim de uma exigência que mergulha a sua raiz inextirpável na própria realidade do homem.
“O reconhecimento efetivo do direito à liberdade de consciência e à liberdade religiosa é um dos bens mais altos e dos deveres mais graves de cada povo que queira,verdadeiramente,assegurar o bem da pessoa e da sociedade”(Compêndio da Doutrina Social da Igreja,n.553).
A liberdade religiosa é u direito humano e,portanto,inalienável.Embora isso não agrade alguns Estados,eles tem de defendê-la.A questão da responsabilidade dos Estados é de fundamental importância,uma vez que a liberdade religiosa é um dos direitos humanos proclamados na Declaração dos Direitos Humanos da ONU,de 1948.Embora a liberdade religiosa não seja criada pelo Estado,deve ser reconhecido por este como algo intrínseco à pessoa humana e às suas manifestações públicas e comunitárias.
Há um fenômeno do qual não se quer falar: a cristianofobia.Ninguém é obrigado a crer,mas os países ocidentais devem garantir a liberdade de culto.O cristianismo não é apenas fé e crenças.É também sistema de valores,defesa da dignidade humana,da justiça,dos direitos,acima de qualquer distinção.
É difícil conceber a história das democracias ocidentais sem o cristianismo.Fazer isso demonstra um elevado grau de desconhecimento da evolução histórica,humana e institucional da Europa.
Existe uma relação muito estreita entre sociedades democráticas e liberdades religiosas a começar pela liberdade de palavra e de expressão.Onde falta uma,não existe a outra;onde não existe a democracia não existe a liberdade religiosa.Mas isso não é automático;nesses últimos tempos,até em países tradicionalmente democráticos como os da Europa,surgiram tensões religiosas entre o povo local e os migrantes,especialmente muçulmanos,tensões que ameaçam explodir em conflitos graves.
Existem alguns países nos quais,por lei,não se admite a cidadania àqueles que não pertencem à religião oficial do país.Nas Maldivas,onde a discriminação é estabelecida por lei,e em outros países,existem fortes penalidades e a proibição de exercer os direitos civis se não se pratica a religião oficial(exemplo: não pode mandar os filhos para a escola ou exercer profissão alguma,se não for muçulmano).Em mais de duas dezenas de países do mundo não é possível expor publicamente símbolos religiosos,como cruzes.
No ensinamento do Papa João Paulo II,a liberdade religiosa é o fundamento de todos os outros direitos humanos: “A liberdade religiosa constitui o coração dos direitos humanos.Ela é totalmente inviolável e exige que às pessoas seja reconhecida a liberdade inviolável de mudar de religião,se sua consciência assim pede”.
O diálogo entre as culturas e entre as religiões é,nos nossos dias,uma necessidade inevitável,a fim de poder agir juntos a favor da paz e da estabilidade do mundo assim como de promover o respeito autêntico pela pessoa e pelos direitos fundamentais do homem.
Por outro lado,o reconhecimento do lugar central da pessoa e da dignidade de cada ser humano,assim como o respeito pela vida que é um dom de Deus e portanto é sagrado,são uma base comum para construir um mundo mais harmonioso e acolhedor das legítimas diversidades.
A edificação de uma sociedade na qual todos sejam reconhecidos na sua dignidade exige também o respeito pela liberdade de religião para cada um.Pois a expressão das convicções religiosas autênticas é a manifestação mais verdadeira da liberdade humana.

A Dignidade da pessoa humana,plenamente revelada em Cristo

Prof. José Pereira

Assistimos no mundo atual diversas agressões a dignidade da pessoa humana.Diante desta situação devemos lembrar qual é a mensagem de Cristo a respeito da pessoa humana em sua dignidade.
Cristo veio restaurar,a partir de seu íntimo,a dignidade humana.Ele veio dar o sentido último e integral da vida humana: “toda afronta à dignidade do homem é,ao mesmo tempo,afronta ao próprio Deus”(Puebla,n.203).
O mesmo documento de Puebla nos lembra: “Todo homem e toda mulher,por mais insignificantes que pareçam,possuem em si próprios uma nobreza inviolável,que eles mesmos e os outros devem respeitar incondicionalmente”(n.214).Isto implica toda vida humana,”desde aquela que ainda está oculta no seio materno,até a que se tornou inútil e a que se acha concluindo seu curso temporal.Implica rejeitar “toda violação ou degradação da convivência entre os indivíduos,os grupos sociais e as nações”(n.215).
A dignidade humana só é perfeitamente esclarecida pela fé em Jesus Cristo e pelo seu seguimento.Pela vocação gratuita à vida e à condição de filhos de Deus,dom do Pai.Mas,na defesa desta dignidade,os cristãos estão unidos a muitos outros homens lúcidos e sinceros,que reconhecem em cada pessoa um dom,um valor irrenunciável,uma tarefa transcendente.
“A Igreja vê no homem,em cada homem,a imagem viva do próprio Deus;imagem que encontra e é chamada a encontrar,sempre mais profundamente,a plena explicação de si mesma no mistério de Cristo,Imagem perfeita de Deus,revelador de Deus ao homem e do homem a si mesmo”(Compêndio de Doutrina Social da Igreja,n.105).
Jamais a pessoa humana pode ser instrumentalizada para fins alheios ao seu próprio progresso.Uma sociedade justa só pode ser realizada no respeito pela dignidade transcendente da pessoa humana.Todos os programas sociais,científicos e culturais devem ser direcionados pela consciência do primado de cada ser humano.
O pecado expresso sob diversas formas é o destruidor da dignidade humana.Jesus Cristo,através de sua mensagem,de sua morte e de sua ressurreição,resgatou para cada um esta dignidade destruída da maneira mais radical: dando-nos sua vida divina.
Por causa desta,podemos chamar Deus de Pai e cada homem de irmão,conscientizarmo-nos do pecado contra a dignidade humana,tão abundante no mundo atual em sua dimensão mais grave: impede que os homens e mulheres possam viver como filhos de Deus.
O que implica viver concretamente o específico na mensagem cristã sobre a dignidade humana,e que consiste em ser mais,e não em ter ou parecer.Viver e colocar em prática as bem-aventuranças,praticar as obras de serviço aos outros;é este o critério e a medida com que Cristo há de julgar,inclusive a quem não o tiver conhecido.
Muitas vezes homens e mulheres se degradam a si mesmos,ofuscando sua dignidade;em outras situações pelas suas ações tiram a dignidade do próximo.É preciso procurar o verdadeiro bem de todos,no respeito e promoção da dignidade de toda a pessoa.É preciso denunciar sem ambigüidade,as injustiças e promover a solidariedade e a igualdade.
Essa dignidade se baseia em nossa criação à imagem de Deus,dignidade plenamente revelada em Jesus Cristo.O ser humano é essencialmente social,criado para uma comunhão interpessoal e para o conhecimento e o amor do Criador.O ser humano é uno,constituído de corpo e espírito.Possuindo inteligência e liberdade,a pessoa busca a sabedoria e a verdade,e é convidada pela consciência a fazer o bem e evitar o mal.
Diante de tantos desafios do mundo atual surge naturalmente à pergunta: O que devo fazer?,porém devemos nos fazer a pergunta anterior: O que devo ser? O que significa ser verdadeiramente humano num mundo com tantos sinais de desumanidade?
Através de nossas escolhas modelamos nosso próprio eu,fortalecemos ou destruímos nossa humanidade.O que devo fazer está em fundamentado naquilo que devo ser.Com lembrou o Vaticano II: “Na verdade,os desequilíbrios que atormentam o mundo moderno se vinculam com aquele desequilíbrio mais fundamental radicado no coração do homem”(GS,n.10).
Toda pessoa é reconhecida como imagem de Deus,e por conseguinte,é sagrada e especial.Ao descobrir-se amado por Deus,o homem compreende a própria dignidade transcendente.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Advento: Tempo da manifestação de Jesus Cristo

Prof. José Pereira


Mais um final de ano se aproxima. Percebe-se que a propaganda comercial “natalina” começa a pulular por todo lado, prometendo muita alegria e felicidade, ilusoriamente “embutidas” nos produtos de consumo. Esse é o natal do comércio. Já o natal do cristianismo é bem diferente, pois tem um sentido profundo.O natal do comércio gira em torno de objetos de consumo, já o Natal cristão gira em torno de uma pessoa: Jesus Cristo.
Como comunidade cristã iniciaremos domingo (28/11) nosso tempo de preparação para o Natal. A esse tempo nós chamamos de Advento: tem a ver com aguardo, espera. É um tempo próprio para fazermos um balanço e retomar nosso compromisso com o projeto de Deus.
Prepara-se para o Natal é abrir em nossa vida espaço para que Deus seja nela presença e oriente nossa maneira de ser e agir. É retomar o seguimento de Jesus, tornando-nos. como ele, discípulos missionários da vida e da paz, fazendo crescer em nós e no meio em que vivemos a certeza de que ele continua vindo através de nós. Despertar nos corações aquele profundo desejo e necessidade de Deus.
Abre a Igreja os braços a todos os homens para conduzi-los a Cristo, a fim de que, seguindo os ensinamentos dele, vivam como irmãos, na concórdia e na paz. Se o mundo atual está perturbado pelas guerras, desordens, dispersão de idéias, depravação de costumes, tudo isso deve ser o aviso: repudiando a Deus, perece o homem. Somente por Deus poderá ser salvo.
Aquela justiça e aquela santidade que o Salvador veio trazer à terra devem germinar e crescer no coração do cristão e, dali, estender-se pelo mundo. O tempo do Advento é um momento oportuno de prepararmos o nossa coração para acolher a Deus que vem, Deus-conosco.
Precisamos ser homens e mulheres de esperança, que acolham a mensagem que nos chega da gruta de Belém: Deus ama os homens e as mulheres da Terra e lhes dá esperança de um novo tempo,um tempo de paz. Acolhido no intimo do coração, esse Amor, que nos reconcilia com Deus e com o próximo, faz nascer a esperança e a paz.
Num mundo em que se valorizam cada vez mais a matéria e as coisas materiais como respostas à felicidade humana, não existe o necessário cuidado com o coração, até por ser invisível aos olhos puramente materiais.

O ciclo litúrgico do Natal, numa visão bem abrangente, tem início com o primeiro domingo do Advento, em começos de dezembro, e seu término no segundo domingo depois da Epifania, o domingo do Batismo de Jesus, em janeiro. O Advento não é simplesmente preparação para a celebração do nascimento de Jesus, mas expectativa pela realização do mistério da redenção.
Toda a existência cristã é caracterizada pelo Advento-Vinda, o que vale dizer que somos peregrinos na História, a caminho da Pátria definitiva. O Senhor permanentemente vem ao nosso encontro, caminha conosco e mantém viva a nossa esperança. O nosso peregrinar não é um vagar desorientado sem bússola e sem meta pelas estradas do mundo. É Cristo a luz que ilumina o nosso caminho. É ele que nos ensina o caminho que conduz ao Pai.
O advento é paradigma da condição peregrinante do cristão. A condição peregrinante nos deve ensinar, pois, a valorizar com sabedoria os bens da terra, na contínua busca dos bens do céu, e a viver de maneira consciente, lúcida e crítica, a relação com o tempo para dar a ele um sentido como evento de encontro com os valores que nos fazem antegozar já, aqui e agora, as realidades futuras. O Advento é metáfora da vida cristã como movimento, busca, ansiedade. É um apelo a superar a estagnação, a indiferença, a frigidez das quais frequentemente somos vítimas. Somos convocados a percorrer com Jesus Cristo um itinerário pascal.
O Advento é um tempo de preparação para as festas epifânicas; tem como tarefa preparar-nos para receber o Senhor que vem e se manifesta a nós. Sendo assim, a manifestação do Senhor tem dois aspectos: a manifestação em nossa carne ao nascer, que constitui sua primeira vinda; e a manifestação em glória e majestade no final dos tempos, que constitui sua segunda vinda, ou seja, a parusia (do grego parousía = presença).
Seríamos muito pobres se reduzíssemos o Advento, simplesmente, a um tempo de preparação para a festa do Natal. O Advento, tempo de espera, é baseado na expectativa da vinda do Reino e a nossa atitude básica é acender e renovar em nós esse desejo e esse ânimo. Num tempo marcado pelo consumo, é preciso que afirmemos profeticamente a esperança. No âmbito pessoal, intensificando o desejo do coração e retomando o sentido da vida.
São Bernardo de Claraval (1091-1153) falava de três Adventos (ou vindas do Senhor). Na primeira vinda, o Senhor apareceu na terra e conviveu com os homens. Na última, “todo homem verá a salvação de Deus” (Lc 3,6), é a parusia. Entre os dois Adventos históricos, existe um que é espiritual, e está acontecendo a cada instante de nossa existência. É aquele em que Cristo quer vir até nós e penetrar em nosso íntimo, a fim de tornar-se realmente um-conosco. O próprio Cristo se faz nosso convidado, quer ser nosso íntimo, quando afirma: “Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo”(Ap 3,20). É a formação de Cristo em nós de tal sorte que fazemos nossas as palavras de São Paulo: “Eu vivo, mas não sou mais eu, é Cristo que vive em mim. Pois a minha vida presente na carne, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”(Gl 6,17), e também: “Eu trago em meu corpo as marcas de Jesus”(Gl 6,17).
Seja Jesus Cristo gerado em nós, transformando-nos nele. Passaremos então a viver, na alegria e na esperança, a vida nova que ele nos traz em cada aniversário de seu nascimento.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Abrir a Bíblia é encontrar Cristo

Prof. José Pereira da Silva



O mês de setembro é na Igreja Católica dedicado a Bíblia. “Na Sagrada Escritura Deus falou através de homens e de modo humano” (DV, 12).
A Bíblia é considerada “o alimento espiritual” por excelência, uma vez que foi inspirada por Deus, segundo as palavras de São Paulo: “Toda Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para argumentar, para corrigir, para educar conforme a justiça” (2Tm 3,16).
A Igreja “exorta todos os fiéis cristãos, com veemência e de modo peculiar... a que pela freqüente leitura das divinas Escrituras aprendam ‘a eminente ciência de Jesus Cristo’. Lembrem-se, porém, de que a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada pela oração, afim de que se estabeleça o colóquio entre Deus e o homem; pois ‘a Ele falamos quando rezamos; a Ele ouvimos quando lemos os divinos oráculos’ (Sto. Ambrósio).
Os Padres espirituais, parafraseando Mt 7, 7, resume assim as disposições do coração alimentado pela Palavra de Deus na oração: “Procurai pela leitura,e encontrareis meditando; batei orando, e vos será aberto pela contemplação”(Guigo, o Cartuxo, Scala: PL 184,746c).
A Bíblia é uma forma de presença de Deus no meio de seu povo. Ela nos faz ouvir a Deus, a Ele nos conduz e nos faz conhecer seu amor. Se estivermos abertos à ação do espírito santo, a Bíblia nos fará não só ter um conhecimento teórico da Palavra de Deus, mas também experimentar vivamente o amor com que Deus nos ama. Essa experiência é essencial na vida cristã.
O Papa João Paulo II disse que a: “Bíblia é a história de como Deus ama seu povo”(Familiaris Consortio, 12). A história de como Deus amo seu povo, de como Deus agiu, age e agirá na história da humanidade.
A leitura da Bíblia funciona como colírio. Vai limpando os olhos, devolve o olhar da contemplação que nos foi roubado pelo pecado (Sto. Agostinho), e nos torna capazes de tirar o véu dos fatos para experimentar neles a presença libertadora de Deus.
Jesus Cristo é a chave principal para se ler e entender a Sagrada Escritura. Jesus é o centro, a plenitude e o objetivo da revelação que Deus vinha fazendo de si, desde Abraão e desde a Criação. “As Sagradas Escrituras devem ser lidas e interpretadas com o mesmo Espírito com que foram escritas”.
Ao lermos a Bíblia temos a certeza de que “tudo o que foi escrito, o foi para a nossa instrução para que, pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15, 4). A Sagradas Escritura não é apenas o livro daquilo que Deus disse e fez, mas palavra que Deus diz hoje para mim. Devemos aproximar-nos da Palavra de Deus com a firme convicção de que nos aproximamos de um sacramento de salvação.
Lendo a Bíblia devemos nos sentir diretamente interpelado pelo Pai, que, como a Pedro, Tiago e João, no monte Tabor, lhe diz: “Este é meu Filho... escuta-o”. Deve-se manter, pois, numa atitude de máxima atenção, para ouvir Deus que “nesses últimos tempos falou por meio de seu Filho” (Hb 1,2).
Em Cristo se ouve com nitidez a voz do Pai que fala ao homem. Jesus, presente na Palavra de Deus é o intérprete oficial que traduz as Palavras divinas, “as palavras inefáveis que o homem não pode pronunciar” (2 Cor 12,4) em linguagem humana e que traduz o pobre balbuciar humano em linguagem humana.
O encontro com Deus através da Palavra se traduz em paz e alegria espirituais, em novas energias e ímpetos de servir a Deus, e também, paralelamente, numa progressiva descoberta de sua própria pequenez e limitações, numa sensação de se estar movendo no maravilhoso mundo da Verdade e da Vida divinas. Os discípulos de Emaús são um exemplo muito expressivo dessa experiência única: “Não ardia nosso coração enquanto nos falava no caminho explicando-nos as Escrituras?” (Lc 24,32).
Na leitura descobrir o que Deus nos diz naquele momento para dar-lhe uma resposta generosa: é uma meditação que nos abre o caminho para penetrar no mistério de Deus. É dedicar um tempo a viver, do modo mais consciente possível, aqui e agora, a vida divina da qual fomos feitos participantes por Cristo.
É necessário que seja uma leitura tranqüila, repousada, interiorizada. Feita com a clara consciência de viver o que se lê.
Um dos métodos para descobrir a Bíblia como caminho de encontro com Jesus Cristo e para fazer a experiência de seu amor neste encontro, é a Leitura Orante. Ele vem da antiga tradição da Igreja. A leitura orante da Bíblia se compõe de 4 passos: a leitura do texto, a meditação, a oração e a contemplação.
O primeiro passo é a leitura do texto. Começa-se pela escolha de um trecho da Bíblia, de preferência dos Evangelhos. Na leitura do texto, podemos conhecer primeiro a letra da Palavra de Deus, para penetrar em seguida no seu espírito e compreender seu sentido. É preciso ler devagar, com toda atenção, e deixar-se envolver pelo texto.
O segundo passo é a meditação do texto. Na meditação perguntamos: o que diz o texto para mim, para nós, hoje? O que Deus quer dizer a nós hoje através do texto lido? Na meditação, trata-se, portanto, de tornar o texto atual e trazê-lo para dentro de nossa vida e realidade.
O terceiro passo é rezar. A oração, aliás, deve estar presente desde o início da leitura orante, quando invocamos o espírito santo, a fim de que Ele nos ilumine e acompanhe na leitura. A meditação nos deve levar à oração, nos deve levar a falar com deus sobre o que o texto nos diz.
No quarto passo, entramos na contemplação. Os três passos anteriores, assim, por nos fazer contemplar a Deus, nos colocam diante de Deus e nos faz experimentar o mistério de seu amor. O amor, simultaneamente, procede da palavra e precede a palavra.
A Bíblia é um Livro Vivo. Sob suas fórmulas esconde-se a misteriosa presença de Deus que nos interpela quando a lemos. Quando escutamos suas palavras, no dizer de São Gregório Magno (590-604), “é como se víssemos sua própria boca”. E esse Livro Vivo, em sua totalidade, converge para Cristo: “Toda a divina Escritura é um livro e este único livro é Cristo. Abrir a Bíblia é encontrar Cristo. São Jerônimo (347-420) tem esta frase famosa: “Ignorar as Escrituras é ignorar Cristo”. Que possamos repetir com Santo Agostinho (354-430): “Com tua palavra percutiste o meu coração e te amei”.