quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Novos Coliseus,a perseguição aos cristãos: exige-se o respeito pela liberdade de religião

Prof. José Pereira


Infelizmente estamos assistindo em vários lugares do mundo uma perseguição religiosa.A liberdade religiosa é um problema de amplas áreas do mundo.Atualmente os cristãos são a comunidade mais perseguida no mundo.No recente relatório da Associação Ajuda à Igreja que sofre evidencia-se que 70% da população mundial sofre de limitações da liberdade religiosa,deixando de lado á religião a que pertence,embora atualmente os cristãos sejam os mais perseguidos.
São atentados contra os cristãos no Oriente Médio,em particular no Iraque e no Egito.Como também em outras áreas como Nigéria,Filipinas e Chipre,Sri Lanka,Indonésia,Paquistão,Turquia etc.Instrumentalizam a religião em conflitos de natureza política.
O Parlamento Europeu aprovou no dia 20 de janeiro de 2011 uma resolução condenando os ataques no Egito,Nigéria,Filipinas,Chipre,Irã e Iraque contra minorias cristãs.Essa declaração rejeita a instrumentalização da religião em conflitos políticos,enquanto faz defesa da liberdade religiosa.
No Irã na prática os cristãos são proibidos de praticar sua religião abertamente.No Sudão o extermínio liderada pelos radicais islâmicos do norte contra os cristãos.Padres católicos foram assassinados nas portas de suas igrejas,como aconteceu com Christian Bakulene,o pároco de kanyabayonga,na República Democrática do Congo,em 8 de novembro de 2010.Na Arábia Saudita não é permitido nenhum símbolo religioso ou lugar de culto de outra religião,a não ser do Islã.
Em Nova Délhi fundamentalistas do Vishwa Hindu Parishad(um grupo político-religioso hindu) perseguem cristãos.Na China e na Coréia do Norte fiéis são muitas vezes perseguidos e enviados para campos de concentração.Cristãos são perseguidos na Argélia.Em 31 de outubro de 2010 a catedral de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro,em Bagdá,foi atacada durante uma missa,onde 58 dos fiéis foram mortos,muitos deles mulheres e crianças.
São perseguições físicas ou psicológicas,acusações,injustiças,assassinatos,prisões ou embaraços legais.
Ao longo de dois milênios,a exemplo de Jesus Cristo e dos apóstolos,o cristianismo tem sido marcado pelo martírio de milhares de cristãos.O cristianismo foi a religião mais perseguida no decorrer de sua história.Lembremos os milhões de cristãos mortos nos gulags russos,na China,no Oriente comunista(Vietnã,Camboja), e na Espanha e no México.
O martírio no século 20 foi uma realidade não de indivíduos,mas de povo e de massas.Foram milhares de católicos,ortodoxos e evangélicos mortos porque eram cristãos.No século 20 o número de cristãos mortos seria mais que o dobro dos dezenove séculos que nos separam da época de Cristo,calcula-se em cerca de 26 milhões.
A pluralização religiosa,em ato em muitas áreas do mundo,desencadeou uma acentuação de violências e perseguições.A isto,juntam-se a discriminação racial,a diminuição da liberdade religiosa e uma crescente forma de intolerância.A intolerância é um comportamento decorrente de um julgamento muito pessoal,baseado em critérios próprios.Por si só,a definição já nos alerta para uma inconsistência interior,mas quem é vítima da intolerância bem sabe o quão concreta pode ser a dor e a humilhação.Ela hoje se traduz em vários aspectos,inclusive o religioso,mesmo camuflando desconfianças políticas,escondendo o racismo e interesses econômicos.
É preciso diante desse quadro triste de perseguições se comprometer na defesa da liberdade religiosa de cada pessoa,homem ou mulher.Existe,de fato,uma relação muito estrita entre liberdade religiosa e liberdade civil: onde falta uma,não existe a outra.
A liberdade religiosa não é um dado facilmente adquirido e para sempre,mas deve ser,cada vez mais,defendido e respeitado.É preciso favorecer a convivência religiosa e o diálogo inter-religioso.Principalmente deve-se bloquear a difusão das tensões religiosas que criam situações perigosas de choque para as minorias religiosas.O respeito da dignidade humana exige,ademais,o reconhecimento da dimensão religiosa do homem,que não é uma exigência meramente confessional,mas sim de uma exigência que mergulha a sua raiz inextirpável na própria realidade do homem.
“O reconhecimento efetivo do direito à liberdade de consciência e à liberdade religiosa é um dos bens mais altos e dos deveres mais graves de cada povo que queira,verdadeiramente,assegurar o bem da pessoa e da sociedade”(Compêndio da Doutrina Social da Igreja,n.553).
A liberdade religiosa é u direito humano e,portanto,inalienável.Embora isso não agrade alguns Estados,eles tem de defendê-la.A questão da responsabilidade dos Estados é de fundamental importância,uma vez que a liberdade religiosa é um dos direitos humanos proclamados na Declaração dos Direitos Humanos da ONU,de 1948.Embora a liberdade religiosa não seja criada pelo Estado,deve ser reconhecido por este como algo intrínseco à pessoa humana e às suas manifestações públicas e comunitárias.
Há um fenômeno do qual não se quer falar: a cristianofobia.Ninguém é obrigado a crer,mas os países ocidentais devem garantir a liberdade de culto.O cristianismo não é apenas fé e crenças.É também sistema de valores,defesa da dignidade humana,da justiça,dos direitos,acima de qualquer distinção.
É difícil conceber a história das democracias ocidentais sem o cristianismo.Fazer isso demonstra um elevado grau de desconhecimento da evolução histórica,humana e institucional da Europa.
Existe uma relação muito estreita entre sociedades democráticas e liberdades religiosas a começar pela liberdade de palavra e de expressão.Onde falta uma,não existe a outra;onde não existe a democracia não existe a liberdade religiosa.Mas isso não é automático;nesses últimos tempos,até em países tradicionalmente democráticos como os da Europa,surgiram tensões religiosas entre o povo local e os migrantes,especialmente muçulmanos,tensões que ameaçam explodir em conflitos graves.
Existem alguns países nos quais,por lei,não se admite a cidadania àqueles que não pertencem à religião oficial do país.Nas Maldivas,onde a discriminação é estabelecida por lei,e em outros países,existem fortes penalidades e a proibição de exercer os direitos civis se não se pratica a religião oficial(exemplo: não pode mandar os filhos para a escola ou exercer profissão alguma,se não for muçulmano).Em mais de duas dezenas de países do mundo não é possível expor publicamente símbolos religiosos,como cruzes.
No ensinamento do Papa João Paulo II,a liberdade religiosa é o fundamento de todos os outros direitos humanos: “A liberdade religiosa constitui o coração dos direitos humanos.Ela é totalmente inviolável e exige que às pessoas seja reconhecida a liberdade inviolável de mudar de religião,se sua consciência assim pede”.
O diálogo entre as culturas e entre as religiões é,nos nossos dias,uma necessidade inevitável,a fim de poder agir juntos a favor da paz e da estabilidade do mundo assim como de promover o respeito autêntico pela pessoa e pelos direitos fundamentais do homem.
Por outro lado,o reconhecimento do lugar central da pessoa e da dignidade de cada ser humano,assim como o respeito pela vida que é um dom de Deus e portanto é sagrado,são uma base comum para construir um mundo mais harmonioso e acolhedor das legítimas diversidades.
A edificação de uma sociedade na qual todos sejam reconhecidos na sua dignidade exige também o respeito pela liberdade de religião para cada um.Pois a expressão das convicções religiosas autênticas é a manifestação mais verdadeira da liberdade humana.

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